A coluna day after sempre visou escrever sobre as corridas do final de semana, um dia depois das mesmas terem ocorrido (como o nome já diz) visando não chover no molhado e analisar as provas de forma mais fria e menos passional. Hoje, além de analisar a corrida vamos analisar também o título de Nico, que foi mais do que merecido.
A corrida
A pista de Abu Dhabi é linda, cravada no meio do deserto, com marina artificial, com hotel que muda de cor, fogos na bandeirada, mas o traçado é uma grande porcaria. Obra de Tilke, o traçado é mais do mesmo e nos rende algumas corridas um tanto quanto monótonas.
Se não fosse a disputa do título ontem teríamos assistido uma corrida lenta, tranquila e sem grandes emoções. Os pontos altos da corrida disputada ao lindo entardecer no universo árabe foi a largada, a recuperação de Max e sua briga com Nico e claro, as últimas cinco voltas.
Hamilton fez o que lhe cabia, largou bem andou na frente, mas isso não era suficiente, foi claramente mais lento na tentativa de causar o caos, mas Nico se mostrou ser um piloto com psicológico forte e se garantiu na segunda posição até o fim, o que lhe garantiu o título.
A corrida de Abu Dhabi marcou também a despedida de Massa que chegou até onde o carro permitia, de Button, que infelizmente teve uma quebra bizarra de suspensão e talvez de Nasr que ainda não tem nenhum contrato para 2017.
Essa segurada de Lewis deixou claro quão superior é o carro da Mercedes, afinal, Hamilton brincou com o ritmo da prova e mesmo assim nenhum outro piloto conseguiu superar Nico. Que 2017 traga aproximação entre as equipes.
O Título de Nico
As brigas e discordâncias em grupos de corrida após a bandeirada do GP de Abu Dhabi foram gerais, enquanto torcedores de Nico diziam que o título fora mérito dele, os torcedores de Hamilton diziam que o alemão só conquistara a taça pelo fato do motor do Inglês ter estourado na Malásia. Será que foi só por causa disso? Vamos analisar.
O título de Nico começou a ser construído ainda em 2015, quando venceu as últimas três corridas da temporada, o alemão manteve o bom ritmo e levou as quatro primeiras corridas desse ano também. Houve o encontrão dos dois na pista em Barcelona, onde ambos ficaram zerados e na corrida seguinte, em Mônaco Hamilton só ganhou porque Nico com problemas nos freios abriu passagem para o companheiro – algo que duvido que Hamilton.
Hamilton venceu a corrida seguinte no Canadá. Em Baku assistimos a um episódio um tanto quanto curioso, Nico saiu a pé para reconhecimento do circuito, enquanto Hamilton disse que isso não seria necessário, nessa prova Nico ganhou e Hamilton foi apenas o quinto. Na corrida seguinte – na Áustria, ambos se tocaram novamente por culpa total de Nico. O toque foi mais prejudicial para o Alemão que terminou em quarto e viu o inglês vencer. Aliás, Hamilton venceu todas até a pausa de verão e reassumiu a ponta do campeonato.
Após as Férias Nico voltou avassalador e venceu na Bélgica (Hamilton teve problemas de motor, escolheu a melhor pista para trocar a unidade de potência, largou em último e chegou em terceiro minimizando o prejuízo), Itália e Cingapura até que veio a derradeira prova onde torcedores do Hamilton afirmam que o inglês perdeu o campeonato: Malásia. É verdade que o estouro do motor o prejudicou, mas Rosberg foi tocado logo na largada e despencou para o fim do grid, ambos tiveram problemas na corrida.
Hamilton não perdeu o campeonato aí. No Bahrein, o inglês foi terceiro enquanto Nico venceu, assim como na China, quando chegou em sétimo após mais uma vitória de Rosberg. Hamilton foi inconstante de maneira anormal nessa temporada, o #6 soube se aproveitar disso.
Faltando quatro corridas para o fim do campeonato o alemão não precisava mais vencer, um terceiro e três segundos lugares lhe garantiam o título. Foi o que Nico fez, correu de maneira segura, conquistou quatro segundos lugares e é campeão do mundo de 2016.
Para não ficar batendo na tecla do motor estourado, no primeiro ano que Hamilton foi campeão com a Mercedes, Nico sofreu com problemas de confiabilidade do motor, inclusive na derradeira corrida da disputa pelo título, onde sequer pontuou. É necessário respeitar e reconhecer que Rosberg fez uma grande temporada, acumulou mais pontos que Hamilton e garantiu o caneco, ponto!
Com o título, Nico se torna o segundo piloto filho de campeão a ser campeão também, mesmo feito alcançado por Damon Hill. Após a conquista o alemão disse que “iria comemorar por muito tempo que ficaria inutilizável por alguns dias”, nada mais justo, creio eu.
Embora 2016 tenha sido mais uma temporada dominada pela Mercedes, tivemos o prazer de assistir a decisão do título de pilotos até a última volta. Agora entramos naquela velha espiral de espera pela apresentação dos carros, testes e início de mais uma temporada.
Parabéns a Nico Rosberg, pela temporada brilhante, soube superar um companheiro tricampeão do mundo, se negou a ser segundo piloto e hoje leva o título de campeão mundial. Que possa defender essa conquista com unhas e dentes na próxima temporada.